No webinar da semana passada, esta dúvida ficou por responder…
Como é que arriscamos nos nossos posts num ambiente politicamente correto?
Podemos ficar queitinhos.
Não temos a obrigação de arriscar.
Mas também sabemos que arriscar (com humor, com algo fora-da-caixa) pode trazer grandes resultados.
Por isso, com a ajuda destas perguntas, pensa no teu caso e chega à tua conclusão:
1 – “Quanto risco queres correr?”
Tu tens o teu limiar.
O teu coeficiente de cagaço que não estás disposto a ultrapassar.
Se estiveres a trabalhar a marca de um cliente, este também vai ter o seu limiar.
Aproveita e analisa quanto risco a concorrência corre:
- usam humor arrojado?
- fazem posts com opiniões controversas?
- com que frequência?
- com que resultado?
Aprende estes limiares e pergunta a ti mesm@ se acreditas nesta frase:
Traduzindo: sem arriscarmos, sem experimentarmos, perdemos oportunidades para melhorar, inovar, e para criar oportunidades.
Se nos revemos na frase, podemos experimentar ir além do nosso limiar atual.
Se não, estamos bem onde estamos.
2 – Qual é a sobreposição entre indignados e clientes?
É aqui que a porca torce o seu rabo politicamente correto.
Imagina uma marca faz um vídeo mais arrojado, que motiva uma série de posts a enterrar o vídeo e quem o fez.
E agora?
Algumas marcas entram em pânico e só não carregam no “Undo” porque não podem.
Em 2019, a organização dos Óscares pressionou Kevin Hart a retirar-se como anfitrião depois de surgirem posts a condenar piadas feitas pelo comediante há mais de uma década.
Outras, como a Prozis, têm um CEO que é atacado nas redes sociais por celebrar uma decisão do Supremo Tribunal dos EUA a favor da penalização do aborto…
… e o CEO ainda reage a dizer que Portugal não é um mercado particularmente importante para a marca.
Ou seja, há de tudo.
As reações variam imenso porque as marcas não conseguem responder a uma pergunta:
“Quantos indignados são clientes?”
Não se sabendo isto, a decisão é feita com base na personalidade de quem a toma.
Os Óscares preferiram evitar o sentimento negativo.
O CEO da Prozis viu um incêndio e ainda lá foi meter um pouquinho de gasolina, como se dissesse:
Mas vale a pena fazeres a pergunta:
Consegues perceber que % de descontentes tem real impacto no teu negócio?
Porque, em muitos casos, os indignados não têm nada a ver com o teu negócio.
Este ano, o comediante britânico Jimmy Carr fez uma piada sobre o genocídio do Holocausto.
Foram criados muitos posts a acusar o comediante de fazer uma piada racista e a procurar o cancelamento do comediante.
Mas Jimmy Carr é um comediante de choque. Todo o espetáculo é assim. E a plateia passou o referido show às gargalhadas.
O que parece indicar que os indignados (ou uma parte significativa deles) não são, nem nunca serão fãs ou clientes de alguém como Jimmy Carr.
Se não há sobreposição, a pressão na marca baixa.
3 – “Em que situações estás disponível para pedir desculpa?”
A tua marca está a ser atacada.
Mas não percebes o que fizeste de mal.
No meu projeto heelbook, fiz uma piada sobre o cantor-ator porto-riquenho Bad Bunny, que estava a atuar ao vivo num espetáculo de wrestling.
Nos minutos seguintes, tinha 2 tweets a acusar-me de ser racista.
The racism jumped out https://t.co/5mhijcr7MK
— Ben(SLK fan club president)?????????? (@knoxben1) February 1, 2021
A piada: como ele estava num show de wrestling, sugeri que alguém o devia atacar pelas costas. Como acontece em todos os shows de wrestling. 79 vezes.
Neste caso, foram 2 tweets, numa situação em que ainda está para aparecer alguém que me explique o que há-de errado com o meu conteúdo original.
E se tivessem sido 300…?
Respiramos. Refletimos. Falamos com amigos. Colegas da indústria. Peritos do digital.
Mas não encontramos um erro.
E começamos a sentir pressão para pedir desculpa.
Estás dispost@ a pedir desculpa para acalmar a situação, independentemente de teres agido bem?
E se concluíres que, de facto, a tua marca agiu mal?
Aí, definitivamente, recomendo pedir desculpa.
Não é quando cometemos erros que as coisas correm mal.
É quando as tentamos encobrir.
Daí a mítica frase: “The cover-up is worse than the crime.”
Mas voltando ao caso em que não fizemos absolutamente nada de mal…
4 – Aguentas uma mini-tempestade?
Em 2021, o comediante e podcaster Joe Rogan envolveu-se numa rixa mediática com a CNN.
Tentei resumi-la abaixo. Se quiseres um pouco mais de detalhe, o podcaster Jimmy Dore dá-o aqui.
O canal televisivo acusou o comediante de, sem qualificação médica ou suporte técnico, sugerir que covid podia ser tratado com um desparasitante para cavalos.
À superfície, não seria de admirar se Joe Rogan levasse uns caldos por sugerir tal coisa.
Mas, na realidade, o que Rogan fez tem pouco a ver com o que a CNN alegou.
Com base em pesquisa e conversas com peritos (incluindo médicos na linha da frente e um dos inventores das vacinas RNA), Rogan questionou porque é que o Estado e os canais “mainstream” se concentravam na divulgação da vacina, com várias alternativas que pareciam ser interessantes para mitigar, evitar ou tratar a doença:
- coisas simples como exercício físico e vitamina D
- anticorpos monoclonais
- e fármacos como… ivermectina, um fármaco anti-parasitário, com vários usos cientificamente comprovados em cavalos.
Ah… e em humanos.
A CNN focou-se no uso da ivermectina em cavalos.
No entanto, parece ter menosprezado duas coisas:
- Um pouco de pesquisa sobre Joe Rogan mostraria que há uma grande diferença entre o que ele disse… e o que a CNN noticiou que ele disse.
- Ao colocar vários dos seus programas a falar de Joe Rogan, “convidou” muitas pessoas a saber mais sobre ele…
… e a dar-lhe ainda mais subscritores.
Rogan podia ter cedido à pressão da CNN. E pedir desculpa.
Mas optou por aguentar a tempestade.
E foi fazendo o seu podcast.
Inclusivé, teve como convidado um dos – se não o maior – comentador médico-científico da CNN, o Dr. Sonjay Gupta.
Confrontado pelas perguntas de Rogan acerca da postura da CNN, mostrou-se incapaz de defender o seu empregador.
Gupta tells Joe Rogan CNN shouldn’t have called ivermectin “horse dewormer” https://t.co/m9mhyenouw pic.twitter.com/qFSJAwZgml
— The Hill (@thehill) October 15, 2021
Algumas semanas depois, o Joe Rogan Experience tinha mais 2 milhões de subscritores.
A CNN não só não conseguiu “cancelá-lo” como lhe deu mais força.
Pedir desculpa pode parecer-nos a saída mais fácil. Mesmo que não se tenha feito nada de mal.
Mas, para alguém como Joe Rogan, que sempre falou do que quer e de forma transparente, pedir desculpa poderia ser um rude golpe para a sua imagem e credibilidade.
Não fez nada de mal… mas vai pedir desculpa?
Nota: noutras situações, em que entendeu que podia ter agido melhor, pediu desculpa.
5 – Resumindo e Cancelando — Ai, Concluindo
Se há coisa que os mundos do humor, do risco e do politicamente correto não são é lineares.
Nada é preto no branco.
O melhor que podemos fazer é decidir por nós (com ajuda, se quisermos).
Pensa em:
- Quais são os teus limiares
- Distinguir indignados de teclado de clientes pagantes
- Na tua flexibilidade (e vontade) para pedires desculpa
- Ser paciente e estoicamente aguardar que os indignados descubram a próxima coisa sobre a qual fazerem barulho.
6 – Humor Profissional
Hoje, dia 4/Outubro, é o último dia para agarrares os bónus do curso “Junta Humor Profissional à tua Marca”, que arranca dia 25.
Inscreve-te hoje e recebes:
- Os vídeos das sessões, para descarregares e reveres quando quiseres
- Uma sessão extra exclusiva, para tu e os teus colegas fazerem as perguntas que quiserem (até podem ser politicamente incorretas, desde que não ofendas a minha mãe)
- Um pedido de desculpas do Joe Rogan, do Kevin Hart e do Jimmy Carr, falsificado por mim.
- Uma embalagem da Prozis com queijo de cabra anã. Preço de venda ao público 19,99.
- Dois destes itens estão limitados ao stock inexistente.