Diz a Sandra:
“Gostaria de perceber como desbloquear a ‘criatividade’.
“Muitas vezes, consigo visualizar na minha mente, mas quando passo para o lado prático e real, a ideia foge a “sete pés” e não consigo avançar!”
Deixo-te abaixo o que me tem ajudado a transformar ideias em realidade.
Abaixo, esperam-te dicas práticas, mas também algumas dicas mentais, sem as quais a parte prática não vai funcionar tão bem.
Sem mais demora: a criatividade desbloqueia-se com…
1. Perspetiva
No dia em que começamos a treinar para uma maratona, ainda não conseguimos correr como um atleta olímpico.
No primeiro quilómetro, estamos fortes.
No segundo, começamos a arfar.
No terceiro, já fomos.
Da mesma forma, quando começamos a tentar ser criativos, é normal sentirmos o mesmo tipo de obstáculo.
Porquê? Porque estamos a usar músculos criativos que não usamos com a consistência e intensidade que um copywriter os usa.
Por isso, um pouco de perspetiva ajuda.
Imaginar a ideia é importante, porque é o nosso pontapé de saída.
Mas é, frequentemente, a parte mais fácil.
Nós conseguimos imaginar-nos a correr a maratona: a arrancar depressa, a mantermo-nos no pelotão da frente, a fazer um sprint épico na reta final.
Mas estarmos meses de treino na passadeira, a desenvolver cada vez mais resistência?
Ai, mãe.
Agora é que a coisa se torna real, com desafios diários: um dia estamos doridos, noutro estamos com o tempo ocupado, depois só queremos parar um bocadinho.
(Vamos vencer estas dificuldades nas próximas ideias desta lista.)
Para já, mentaliza-te: sentes que é difícil porque É DIFÍCIL.
PARA TODOS os que se metem nisto.
E porque estás a usar músculos altamente especializados no intervalo das tuas outras 53 responsabilidades.
Mas não é nada que não se vá melhorando com as ideias abaixo.
2. Educa-te
Não há substituto para um pouco de formação.
Não só pela bagagem que nos dá, mas porque essa bagagem nos vai dar mais formas de resolver problemas e mais ferramentas para sermos criativos.
Ou seja, um pouco de formação inspira-nos.
Vai-nos dar ferramentas novas, ao mesmo tempo que nos desliga da tarefa anterior, colocando-nos mais perto da “zona criativa”.
Às vezes, basta algo muito leve, como consumir conteúdos gratuitos:
- Um vídeo sobre como usar triggers emocionais na nossa escrita
- Um vídeo sobre como estruturar um artigo
- Um texto curto sobre escrever bons títulos
Outras vezes, significa inscrevermo-nos em cursos:
- Gratuitos, como uma introdução rápida ao copywriting
- Pagos, como este de Storytelling ou este de Escrita para a Web
Conforme o tempo, orçamento e paciência que tens disponível e a importância que a escrita tem para o teu trabalho, decide se vais para as borlas ou para algo premium.
3. Benchmarks
Todos precisamos de modelos a seguir.
Alguém que escreva muito bem na nossa área.
Ou, caso não haja, alguém que escreva muito bem noutra área e cujo trabalho é adaptável para o teu negócio.
Por exemplo, como formador de social media, vou cuscando o Paulo Faustino, mas posso ir ver palestras de psicólogos ou filósofos, se for daí que tiro novas ideias para tornar as aulas mais dinâmicas.
Se quiseres começar por copywriters de profissão:
- Bob Bly e o seu inacabável portefólio
- Brian Clark e o seu CopyBlogger
E podíamos ficar aqui uma eternidade mas, depois de seguires 2-3 dos criadores de que falámos até agora, chega a altura de seguires também a tua concorrência.
Pessoas, marcas que têm o mesmo produto, servem o mesmo perfil de cliente e trabalham na mesma região.
Ou… tão perto disso quanto conseguires. Ex. se calhar, encontras alguém com excelente escrita que vende o mesmo produto, para o mesmo perfil mas para uma região diferente.
Encontra o concorrente, analisa:
- O tom com que escrevem? (formal/informal; técnico/simples; curto/longo)
- Nas redes, que posts têm melhor/pior reação?
- Onde sentes que te estão a passar a perna?
- Como te podes diferenciar?
- Que ideias tiras daqui para posts teus?
Assim, ficas com o melhor de dois mundos:
- As boas práticas do copywriting
- A aplicação do copywriting no teu negócio
Nota: Aplica-se o mesmo raciocínio para outros tipos de criação de conteúdo.
Por exemplo, para vídeo, estudamos produtores/editores de vídeo e as marcas do nosso setor com melhor video marketing.
4. Estuda as Pessoas para quem Crias Conteúdos
É frequente faltarem-nos ideias porque “não sabemos por onde começar”.
Em marketing, começamos sempre no mesmo sítio: o cliente.
Da mesma forma que o nosso produto serve pessoas, os nossos conteúdos devem fazer o mesmo.
As pessoas compram porque sentem que o nosso produto as vai ajudar:
- a resolver um problema
- a satisfazer um desejo
Ter ideias para posts segue o mesmo raciocínio.
O nosso objetivo é ajudar as pessoas:
- Elas têm uma dúvida? O nosso post responde.
- Têm uma preocupação? O nosso post aborda-a e fá-la desaparecer.
- Têm uma frustração? Mostramos como a tirar de cena.
Fala com os teus clientes, com os teus seguidores. Faz uma lista das dúvidas, preocupações, frustrações, problemas, etc, de que te falam.
Estas coisas podem, facilmente, ser a génese do teu próximo artigo.
Aliás, como é que este artigo começou? Desafiei os subscritores da minha newsletter a colocarem dúvidas.
Este artigo ajuda-te a estudar rapidamente o perfil do teu cliente e com criares uma estratégia de conteúdos.
5. Cria o Hábito
Em 2020, decidi que a minha aventura em agência tinha acabado.
Na minha cabeça, estava um novo objetivo: escrever um guião.
(Estudo, embora de forma inconsistente, escrita para filmes desde os 14-15 anos.)
Primeiro grande desafio?
O clássico “Vou esperar até me sentir bem, relaxado. Assim, quando me sentar ao computador, as ideias fluem naturalmente.”
LOL, Afonso, boa sorte…
Isto nunca funcionava.
Porquê? Porque, como vimos há pouco: estamos a tentar usar músculos que estão por desenvolver.
Saí de uma vida de publicar nas redes, criar reports, fazer calendários, responder a mails… e agora acho que me vou sentar a criar personagens, enredos, como se o fizesse há 3 anos?
Pois, hum, não.
O que resolveu isto?
Consistência.
Todos os dias, a minha gata acordava-me pelas 6 da manhã, para lhe dar de comer.
Uma chatice, porque já não adormeço outra vez.
Mas espera… então e se for escrever?
Está tudo a roncar, não há pessoas, telefonemas, nada.
No início, estava criativamente acabado ao fim de 10-15. Depois, subiu para 20-30.
Alguns meses depois, ficava 2 horas a produzir. E com cada vez mais substância.
O nosso cérebro é uma máquina que se adapta ao nosso dia-a-dia.
Vai ser muito melhor a ter ideias e a construir textos ao fim de 3 meses do que ao fim de 3 horas.
É a realidade: a boa escrita vem do hábito.
Tens aqui táticas para criares hábitos que ficam.
6. Cria ‘Esqueletos’, ‘Outlines’ ou Índices
Começa pela ideia geral, o tema, o título.
Depois, faz uma lista de bullets com os assuntos por onde queres passar.
Boa. Isto, já não foge. A partir de agora, tens um “mapa” para chegares ao teu futuro texto.
E só depois é que começas a escrever o corpo do texto.
Primeiro, organizas-te. Depois, executas.
Isto faz com que uses a tua criatividade por fases.
Primeiro, as ideias gerais. Depois, os detalhes.
Caso contrário, vais estar permanentemente a pensar ideias gerais e detalhes em simultâneo.
Isso seria como escolher a tática da seleção nacional enquanto chutamos à baliza: dá para fazer, mas a qualidade não vai ser brilhante.
Começa por listar por onde queres que o texto passe. Como se fosse um índice, vá o teu texto ter 1 página ou 10.
Não te lances para a escrita propriamente dita antes de saberes exatamente por onde queres passar.
(podes ter novas ideias enquanto escreves, claro, mas isso não invalida termos um plano)
Por exemplo, este texto que estás a ler começou nas minhas notas, assim:
Como desbloquear a criatividade (pergunta da Sandra)
Perspetiva (se estamos no início é mais difícil; criatividade é um músculo que se trabalha); Resiliência/Get on with it; Benchmarks; Formação; Just first-draft it; Truques; pára-arranca/intenso-descansa
Até com um “esqueleto” muito informal como este, fico confortável quando arranco com a escrita, porque sei exatamente o caminho que tenho de fazer.
Tenho de passar pelos pontos que anotei. Para mim, é suficiente.
Se quiseres desenvolver os teus “esqueletos” (ou outlines), aqui vão as bases:
- “Making an Outline” – uma introdução
- “Writing an Outline” – o mesmo raciocínio, mas com um exemplo.
- “YouTube Video Outline” – o raciocínio aplicado a produção de vídeo
- “4 Ways to Script YouTube Videos” – 4 métodos diferentes
7. Começa, Arranca! Tudo menos ficarmos quietos.
Não esperes pelas emoções certas.
Não esperes por sentires que os astros estão todos alinhados.
A escrita não é golfe. Não tem de estar sol para se escrever. Tem de se aparecer e começar.
8. É Tudo Sobre Acabar o 1º Draft
Quanto maior o teu texto, mais isto vai ser verdade.
Mas não acredites em mim. Acredita num vencedor de Globo de Ouro:
As versões seguintes são todas sobre gerir, melhorar, otimizar e é onde vais começar a sentir que a tua qualidade vem ao de cima.
O primeiro draft, como dizia Ernest Hemingway, é mer**.
É um dado adquirido. Está lá só para começarmos o nosso trabalho.
Se já desististe de um texto porque a primeira versão era má… agora, já sabes que isso é normal.
No que diz respeito a criar vídeos, é ainda mais normal: não é por acaso que os vídeos são criados em apps conhecidas como “editores“, onde cortamos o que correu mal e realçamos o que saíu bem.
9. Pára-Arranca
Mesmo com hábitos criados e muitas ferramentas ao dispor, a tua criatividade é um recurso finito.
É uma espécie de cardio da nossa mente.
E, tal como a fazer exercício, se estamos exaustos, paramos.
Paramos, descansamos e, quando a exaustão desaparece, voltamos ao nosso texto.
Sim, podemos acabar um texto de uma só assentada.
Mas é normal que haja um pára-arranca, semelhante a um engarrafamento.
Sobretudo, quando temos outras responsabilidades, para além da escrita em si.
Por exemplo, este texto foi escrito ao longo de 7 dias:
- Dia 1: Recebi a ideia da Sandra, juntei às minhas notas
- Dia 2-3: Criei o outline rápido que vimos acima
- Dia 4: Escrevi o ponto 1
- Dia 5: Escrevi o ponto 2
- Dia 6: Escrevi o resto
- Dia 7: Acrescentei imagens, pedi opinião, coloquei no blog
No meio de tudo isto, estou a preparar formações, em contactos sobre próximos projetos, a descansar, ver séries, a pagar a segurança social, etc.
Não havendo urgência, o pára-arranca distribui o nosso trabalho pelo nosso dia/semana/mês e otimiza o nosso cardio criativo.
E, nas paragens, distanciamo-nos do texto, ganhamos olhos frescos e temos mais ideias e mais intensidade para a próxima sessão.
–
Obrigado pela questão, Sandra. Espero que este artigo tenha ajudado.
Mas há mais…
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