Várias vezes por semana, aparece-me esta questão. Faço eu? Ou é melhor pedir ajuda? Contratar alguém?
Preciso de fazer uma imagem super-apelativa. Preciso de criar um anúncio em que nada pode ser deixado ao acaso. Preciso de pensar numa ideia que quero desenvolver mas estou sem cabeça por causa da imagem e do anúncio. Resultado:
Para evitar coisas como dores de cabeça com trabalho a mais que não estamos a distribuir, decisões por tomar que deviam ser delegadas e, sobretudo, enxaquecas que só podem vir de todo este exaustivo ping-pong mental, é importante sabermos como decidir entre:
- O que fazemos nós
- O que vamos pedir – ou contratar – a terceiros para fazer
Há 5 critérios fundamentais para decidirmos o que fica “dentro de casa” e o que nos deve levar a “bater à porta” de um perito:
- Tempo
- Urgência
- Competências
- Dinheiro
- Controlo de Qualidade
Nota: podes utilizar estas dicas para decidir se contratas um serviço, mas também para perceberes se deves pedir ajuda a amigos. Vamos lá! No fim, resumimos sempre com um exemplo.
1. Tempo
Quanto mais tempo livre tivermos, mais fácil é completarmos todas as tarefas que o nosso projecto acarreta.
Mas, se estamos no limite, pedir ajuda/contratar alguém é não só normal, como inteligente. Porquê? Porque nós simplesmente não conseguimos fazer tudo. Ou será que tens 8 braços…?
O nosso tempo e a nossa energia são recursos finitos.
Por isso, se estamos a chegar a um ponto em que o nosso tempo e energia não chegam para todas as tarefas que existem, está na hora de pedirmos ajuda.
EXEMPLO: imagina que queríamos re-desenhar este site:
- Se eu tiver 6-7 horas produtivas no meu dia típico e já estou a usar 5, tenho margem, porque posso dedicar 1 a 2 horas a esta nova tarefa
- mas se o meu dia estiver completamente preenchido, preciso de ajuda de uma pessoa/empresa que tenha horas disponíveis
2. Urgência
Às vezes, é possível existir falta de tempo ou energia, mas para tarefas que não são críticas. Que não precisam de ser completadas “ontem”.
Nessas situações, podemos criar um lembrete para voltarmos a essas tarefas numa altura mais calma.
No entanto, também existem momentos em que temos muito no nosso prato e ainda aparecem mais coisas para fazermos.
E são todas urgentes.
Se não há tempo e energia para todas as tarefas – e todas são urgentes – chegou a hora de chamar a cavalaria e contratar quem nos ajude.
EXEMPLO: voltando ao nosso re-desenhar deste site, eis como podes pensar no tema da urgência:
- Estou com 3 tarefas para fazer: a contabilidade da empresa, criar 5 bons posts e re-desenhar o site
- Todas são urgentes, a concluir em 2 dias.
- A contabilidade demora 1 dia inteiro a concluir, os posts 4 horas e o re-design 2 dias.
- Ou seja, em 2 dias, teria de fazer trabalho que demora 3 dias e 4 horas. (RIP Malheiro.)
- Olhando para isto puramente como um problema matemático, preciso de ajuda para completar pelo menos 1 dia e 4 horas de trabalho, para poder concluir as tarefas todas dentro do prazo
3. Competências
Todos temos o nosso “skillset“: o conjunto de coisas em que somos bons. E, claro, também temos as coisas em que somos… menos bons.
Eu, por exemplo, quando fiz os meus testes psicotécnicos com 12-13 anos, pediram-me para desenhar uma árvore. 1 minuto depois, a senhora olhou para o meu desenho e disse, como uma médica a examinar um Raio-X: “Bem, para desenho não vai”. Imediatamente, pensei:
Se eu não consigo fazer um bom desenho – nem que a minha vida dependesse disso – preciso de ajuda para as tarefas que envolvem não só a capacidade técnica de desenho, mas também sentido estético e um entendimento experiente da arte do Design.
Mas tenho jeito para escrever e pôr humor nas coisas. Pelo menos, é o que dizem as pessoas a quem pago para me massajarem o ego.
É aqui que temos de fazer uma escolha muito importante:
- Vamos tentar esconder as nossas fraquezas? (eu vou aprender a desenhar, coisa que uma das melhores escolas primárias e secundárias do país não me conseguiu ensinar)
- Ou vamos focar-nos no que somos realmente bons?
A solução está numa coisa que já falamos aqui: o nosso tempo e a nossa energia são recursos finitos. Se vamos investi-los em estudar áreas muito distantes daquelas em que somos mais fortes, vamos sacrificar o tempo e energia que temos disponível para as tarefas em que brilhamos (e em que os outros nos valorizam mais).
Ou seja… é aquele exemplo que eu gosto de dar: porque perderia tempo o Cristiano Ronaldo a treinar como guarda-redes, em vez de treinar remates, passes, dribles e a sua velocidade? Até olhar para a imagem dói, de tão pouco sentido que faz:
Podemos e devemos aprender novas competências, para completar as que temos. Mas não devemos afastar-nos tanto da área em que brilhamos que, lá está, deixamos de brilhar.
Se é da nossa área, somos nós que fazemos. Se não é, a resposta é (normalmente) pedir ajuda/contratar.
EXEMPLO: lá está, se fossemos re-desenhar este site:
- Eu não tenho conhecimentos de Web Design
- Se quiser fazer eu, tenho de ir aprender a editar HTML, WordPress e, quem sabe Javascript. Adeus, volto daqui a 1 ano. Ou 2.
- Plano B: falo com um Web Designer, que já tem estas competências todas. E, com sorte, pode começar amanhã. Ou seja, espero menos 1 ano. Ou 2.
Nota: Se quiseres ter um pensamento super-detalhado sobre este assunto, a Matriz de Decisão sobre Outsourcing é uma boa forma de pensar de forma detalhada sobre este assunto.
4. Dinheiro
Inevitavelmente, temos de falar de finanças. Aliás, é uma das coisas fundamentais em que temos de pensar em qualquer novo projecto digital.
Sem dinheiro, não vale a pena pensar em contratar. Não vamos fingir que estamos a nadar em dinheiro e que o nosso pijama é este:
Mas, havendo dinheiro, temos de pensar se investi-lo em contratar ajuda é a melhor escolha.
Pergunta a ti próprio/a o que é mais importante: o dinheiro que vais gastar ou o tempo extra que ganhas?
Se, para ti, é mais importante libertar tempo e energia, contratar é uma boa solução.
EXEMPLO: Íamos re-desenhar este site, não era? Como vamos pensar no tema do dinheiro?
- Numa primeira análise, não há uma decisão a tomar – ou temos o dinheiro para pagar a um Web Designer… ou não temos.
- E, tudo indica, é mais barato (não só em dinheiro, mas também em tempo), contratar um Web Designer, do que inscrevermo-nos em cursos para aprendermos Web Design, sem uma ideia clara de quando estaremos tão aptos quanto um Web Designer para completar a tarefa. Ou quanto gastaremos para lá chegar.
5. Controlo de Qualidade
O último ponto tem a ver com algo com que muitas pessoas têm dificuldade.
A partir do momento em que pedimos ajuda e uma tarefa passa a estar na mão de outra pessoa/empresa, já não estamos no lugar do condutor. E é normal que isso nos preocupe um pouco, sobretudo se não tivermos experiência prévia com a pessoa que vamos contratar. E acabamos por olhar para essa pessoa e, desconfiados, dizemos:
Por isso, antes de passarmos trabalho a outras pessoas, é importante percebermos:
- até que ponto vamos conseguir acompanhar e controlar o trabalho, de forma a evitar grandes erros e tempo perdido?
- até que ponto é que quem contratamos aceita feedback e sugestões de melhoria?
- até que ponto é trabalhamos bem com esta pessoa? É alguém que nos faz trabalhar melhor… ou estamos sempre a pisar-nos uns aos outros?
Se não chegarmos a boas respostas nestas perguntas, o mais natural é não conseguirmos controlar a qualidade do trabalho com que queremos ajuda.
Isso significa que ou contratar (ainda) não é a solução, ou que ainda não encontrámos a pessoa/empresa certa para nos ajudar.
EXEMPLO: para re-desenhar este site, eis o que eu provavelmente faria…
- 2 dos meus melhores amigos são Web Designers.
- Já trabalhei com eles e sei que consigo passar-lhes bem as ideias-chave sobre o que quero neste re-desenho do meu site
- E sei também que posso ir falando com eles à medida que o trabalho vai sendo desenvolvido, para garantir que está tudo a correr conforme pretendido
- Ou seja, é possível controlar a qualidade desta tarefa.
- E, por isso, é possível eu dormir sossegado.
Se tiveres uma decisão deste tipo a tomar no futuro próximo, olha para cada um dos critérios. O mais provável é que cada um te ajude a aproximares-te da melhor decisão que podes tomar.