O meu amigo Bruno Brito é professor de Marketing Digital na Escola Superior de Comunicação Social e diz-me frequentemente que a aula sobre Email Marketing é das que desperta menos interesse.
Os alunos podem tentar esconder o seu desinteresse, mas o máximo que conseguem é isto:
Num mundo de Facebooks, Instagrams, Twitters e Snapchats, é muito fácil não levar o Email a sério.
Por isso, antes de começarmos, vamos para dentro da tua imaginação, para eu te mostrar como é que podes pensar no Email e no Email Marketing.
Imagina isto:
Estás numa festa. Metes conversa com alguém que achas atraente. A conversa é agradável. A pessoa gosta dos mesmos filmes que tu. Tem sentido de humor. E charme. Tanto charme que ficas assim:
A menos que lhe peças um contacto: um telefone, por exemplo.
Com esse contacto, passas a ter uma forma de chegar até essa pessoa, muito mais fiável que um simples “Hmm, espero um dia voltar a encontrar-te.”
Agora, perguntas tu:
O que é que isto tem a ver com a importância do Email Marketing?
É possível que já me tenhas ouvido dizer que o mundo digital é muito, muito parecido com o mundo real.
A forma como nos ligamos a marcas, sites e páginas de que gostamos é igual a forma como nos ligamos às pessoas na nossa vida.
Se queremos voltar a ver uma pessoa ou uma marca na nossa vida, temos de nos ligar a elas de alguma forma: na vida real, pedimos um contacto; na Internet, podemos fazer “Gosto/Like/Seguir” da marca.
Se não criarmos esta ligação, é improvável que voltemos a ver aquela pessoa interessante ou aquela marca cativante. Mas, a partir do momento em que estamos a seguir uma página, ela faz oficialmente parte da nossa vida.
E, agora, tu dizes:
“Wow, wow, Malheiro… para isso, peço às pessoas para “gostarem” da minha página de Facebook ou Instagram e a ligação fica feita. Porque é que tenho de me chatear com o Email, sobretudo depois de teres usado um gatinho fofinho para me mostrares como o Email Marketing é chato?”
Esta pergunta faz todo o sentido. E o argumento é válido. Mas falta-lhe uma peça.
Quando gostamos de uma página numa rede social ficamos, de facto, ligados a ela. É quase como ficarmos com o número de telefone da pessoa fixe que conhecemos na festa.
A palavra-chave é “quase”. E, tal como na imagem, “quase” não nos ajuda.
As redes sociais têm duas grandes diferenças face ao Email:
1 – Não nos pertencem
E, por conseguinte, funcionam pelas suas próprias regras e a lista de contactos das pessoas que nos segue também não é nossa (nenhuma rede social te deixa fazer download da informação dos teus fãs).
É por isso que se costuma dizer esta célebre frase sobre o negócio digital:
A qualquer momento, aparece o senhorio e diz-nos que temos de sair. Ou que as regras mudaram e nós não podemos fazer nada (como estão a mudar na monetização de vídeos do YouTube) ou que ele cuidou tão mal a terra que já nem faz sentido lá estarmos (podes googlar “what killed MySpace” ou ler isto)
2 – Não nos garantem que chegamos a TODAS as pessoas que nos seguem.
Por exemplo, o poder de alcance de uma marca no Facebook, é cada vez mais baixo, segundo a Business2Community:
- são 50 milhões de negócios
- a publicar 1.5 posts/dia
- que são vistos por uma média de 2% dos fãs
A esta informação, qualquer pessoa com bom senso reage com um:
Atenção: falando por experiência própria, é muito possível subir acima destes 2%, sabendo O Que Faz Um Bom Post. E dou-te a prova disso aqui, quando consegui que 2.3 milhões de pessoas vissem posts da minha página Heelbook, quando esta tinha menos de 90 mil fãs.
Com o Email, estas limitações não existem
1 – A lista de contactos é nossa. Ponto. Final.
Sempre que eu quiser, posso descarregar uma lista com a informação completa que me foi dada pelos meus subscritores. Nome, localização, interesses, email, telefone.
E não ficamos dependentes de plataformas como o Facebook, o Twitter e o Instagram para chegar aos nossos fãs. Até porque, lá está: um dia, as regras dessas plataformas podem mudar, o nosso poder de alcance pode diminuir escandalosamente e percebemos porque é que a “terra alugada” nunca é tão boa quanto a nossa.
2 – Temos o poder de chegar a TODOS os subscritores
Não há rede social que possa garantir que todos os nossos posts chegam a todos os nossos seguidores. É impossível.
No Facebook, como vimos acima, é bem possível que os posts de uma marca sejam vistos por apenas 2%.
No Email, é bem possível que todos recebam o que lhes enviamos. Quem não recebe? Apenas:
- quem escreveu mal a sua morada de email no nosso formulário
- quem tem a caixa cheia
- e quem está a braços com questões técnicas como sobrecargas temporárias de um servidor ou bloqueios de moradas IP, assuntos que são resolúveis
O que é que isto significa?
Significa que, se ainda estivéssemos à conversa com a tal pessoa interessante:
- O email é o número de telefone desta pessoa: o contacto em que, se ligarmos, a pessoa vai receber a nossa chamada e, se puder atender, vamos ter toda a atenção dela
- As redes sociais são um “às vezes venho a este bar… procura-me”, que não vêm com uma garantia que voltamos a encontrar essa pessoa, ou que ela nos encontre a nós
É por estes motivos que grandes gurus do negócio digital não conseguem falar o suficiente sobre como foram os seus esforços de list-building (construção de uma lista de emails) a fazer o seu negócio passar para o próximo nível. Que nível é esse?
O nível em que fazem dinheiro…
… porque se uma pessoa confia numa marca o suficiente para lhe dar o seu email está, provavelmente, receptiva a ofertas de produtos e serviços.
O Email É:
- nosso
- fiável
- uma forma de sermos vistos por todos os nossos subscritores… e potenciais clientes
- um meio de comunicação que nos dá a atenção de quem nos lê, sem termos de competir com outros 100, 200, 300 posts no feed de uma rede social
- é o que mostra que um potencial cliente está receptivo ao que temos para lhe oferecer
É por estes motivos que os mesmos gurus disponibilizam muito do seu melhor conteúdo apenas a que lhes cede o seu email – da mesma forma que nós só mostramos o nosso lado super agradável e sedutor a quem nos dá o seu número de telefone.
Com o email (ou com o número de telefone), o negócio (ou a relação) tem para onde evoluir: para uma venda (ou para um encontro agradável).
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Se quiseres saber mais sobre como podes usar o email no teu negócio, recomendo:
- “A Beginner’s Guide” para o Email Marketing, da KISSmetrics
- “Growing a Lucrative Email List“, do podcast da Amy Porterfield
- “How to Build Your Email List: The Better Than Ultimate Guide“, do Content Marketing Institute
- “25 Simple Ways to Grow your Email List“, do HubSpot
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